segunda-feira, 12 de julho de 2010

Resposta dos céus

No último sábado, eu acordei e decidi que aquele seria o dia que iria começar a mudar a história recente da minha vida. Passei uma semana complicada depois de um acidente doméstico e estava louca para abraçar o mundo. Tenho sempre esse sonho.
O primeiro passo seria me dedicar de corpo e alma as mudanças que quero fazer na minha vida. O foco seria meu futuro cantinho. Como fiquei a semana sem trabalhar, tive um monte de ideias que pretendia tirar logo do papel e sábado seria o dia de iniciar esse processo.
Mas como sou sempre um turbilhão de emoções, quis buscar respostas divinas para dezenas de indagações que tomam conta dos meus pensamentos. Meu refúgio foi a Catedral de Campinas. Adoro o prédio histórico, com sua imponência, seus traços, seus entalhes, sua arquitetura, suas cores e o vaivém de pessoas.
Não sou uma pessoa que vai com frequência a igrejas, centros ou templos. Penso que a fé está dentro de cada um e pode ser traduzida em uma energia positiva que é capaz de transformar a vida. A fé, na minha concepção, não está restrita a uma crença religiosa.
Passei alguns minutos na Catedral e pedi ao Divino que me ajudasse a encontrar respostas para as minhas dúvidas. Elas eram tantas, tão complexas e simples ao mesmo tempo. Fiquei impressionada com o desenrolar do dia e como uma das minhas principais inquietações foi resolvida pelo destino.
Ao voltar de um passeio de algumas horas em uma loja de produtos de construção, em uma das tantas esquinas dessa imensa cidade, vi, ainda de dentro do transporte público em que eu estava, uma cena que intuitivamente sabia que mais cedo ou mais tarde iria vivenciar.
Por que será que a gente teima em não acreditar no que sente? Porque é sempre mais fácil se enganar? Essa era uma das minhas perguntas. Um olhar pelo vidro da lotação foi o suficiente para que os céus me respondessem a tão cruel dúvida. Não contente em ser displicente com o que eu sentia há muito tempo, fui conferir de perto o que vi à distância.
Avisos não me faltaram. Só que eu preferi esperar uma situação limite, que de antemão eu sabia que um dia aconteceria. Paguei o preço pela minha teimosia.
Embora tenha sofrido naquele momento, o sábado foi realmente um recomeço. Não da maneira como eu desejava, mas do jeito que a vida sabia que seria a melhor para mim. A resposta foi rápida e como canta o mestre Gilberto Gil: "Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar".
Eu tive uma prova do poder dela no sábado.
 

quarta-feira, 23 de junho de 2010

As mulheres e o futebol

Sou uma apaixonada pelo futebol. Gosto da disputa e da emoção do jogo. Vindo de uma mulher a afirmação poderia soar estranha. Mas a Copa do Mundo da África do Sul prova que não estou sozinha.
Os estádios estão repletos de mulheres. Brancas, negras, altas, baixas, loiras, morenas, asiáticas e ocidentais. A torcida é grande e não perde em nada para os homens, que sempre se sentiram os reis da bola.
Nem mesmo aquelas piadas sem graça que tratam a mulher como um ser completamente desprovido de conhecimento acerca dos parâmetros técnicos e das regras do futebol intimidam o sexo feminino. Já mostramos que podemos ser boas de bola. Vejam a Marta, da Seleção Brasileira, que coloca muito marmanjo no chinelo.
Com o tempo, passamos a entender o jogo, comentá-lo em mesas de bar, saber a escalação do time do coração e discordar dos esquemas táticos dos técnicos. Ir aos campos de futebol foi apenas mais um avanço na invasão feminina no esporte.
A Copa do Mundo de 2010 é um exemplo de que as mulheres podem entrar no clima da competição, torcer junto com os gatos, aprender mais acerca do esporte e se transformar em uma conhecedora do assunto sem dever nada para o sexo masculino.
Os rostos femininos captados pelas câmeras de televisão durante as partidas na África do Sul retratam uma festa que celebra a vida e que deve ser compartilhada pelos dois sexos. A briga pelo controle remoto nas noites de quarta-feira ou nas tardes de domingo pode estar chegando ao fim.
Mas agora é hora de torcer pelo hexacampeonato nacional e esquentar os tamborins para 2014.

A viagem das mãos

Tanto tempo longe de você...
Mas um dia quem ama volta
E retomei a minha aventura nesse blog
Quer viajar comigo?

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Carta a dois grandes amores

Campinas, madrugada do dia 28.

Não consigo dormir. Estou de luto. Velado, sereno, escondido atrás de um sorriso triste e um olhar perdido pelo mundo. Mas que causa imenso vazio.
Dois grandes amores partiram da minha vida neste mês. Janeiro chuvoso, com muitas tragédias, perdas irreparáveis para milhares de haitianos, que viram parte da sua história como nação e também pessoal virar pó em um terremoto, e para famílias brasileiras que vivem o drama das enchentes.
Meu pranto é insignificante perto da tristeza desses desvalidos. Embora, infinitamente menor, a dor que ele causa na alma não dá para mensurar. Nem sei onde começa ou termina dentro de mim. Apenas dói e para mim é o bastante.
Eu havia prometido que não voltaria a escrever no blog. Finquei bandeira em uma posição radical para evitar conflitos desnecessários, mas as minhas mãos são os únicos canais que eu tenho agora para deixar fluir a minha solidão e a angústia que me corrói o peito.
Lutei tanto por dois amores nesses últimos anos. O primeiro deles aconteceu há quase dez anos. Ele entrou na minha vida em uma época de grandes mudanças: seis meses depois do fim da minha faculdade, desistência de uma paixão, busca de afirmação profissional, novas amizades. Eu começava a construir um caminho diferente e o amor apareceu.
Ele nunca foi fácil de ser vivido. Teve muitos altos e baixos. Partidas sentidas e voltas apaixonadas. Desilusões e expectativas nunca concretizadas. Desejos compartilhados e noites excitantes. Foi uma história com todos os ingredientes de um grande amor.
Relutei muito em aceitar vivê-lo. Sempre tive um pé atrás com os roupantes do coração.  Com quase 30 anos, resolvi me entregar a esse amor e deixá-lo fluir. Eu sempre soube que não chegaria a lugar nenhum. Só que quando a razão é vencida pelo coração, não há nada a ser feito. O jeito é ir colecionando as cicatrizes.
Uma hora eu sabia que chegaria ao fim. Preferia que tivesse acontecido de forma mais pacífica. Não foi. A gente constrói as histórias e elas sempre trazem consigo tristezas, erros, conflitos, mágoas e tantos outros percalços. Entretanto, há também as boas lembranças que são um tesouro que se guarda na alma.
Aprendi a duras penas que não há perfeitos e nem pecadores no mundo. As pessoas falham e acertam. Tem momentos em que somos mais egoistas; em outros, cedemos. Há dias fúria e horas de amor extremo. Nunca é uma linha reta. E, se fosse, não haveria graça.
Embora aceite o ponto final, sofro agora. E sei que não há remédio para esse tipo de enfermidade. Os ensinamentos populares falam do tempo como a cura. Mas ele só faz a gente lembrar. Os ponteiros do relógio são como uma prisão que nos obriga a olhar para a vida e ver que o tempo de ser feliz é já.
Meu outro grande amor era clarinho, de olhos azuis profundos, bigodes longos e um jeito carinhoso que cativava quem o conhecesse. Eu o vi pela primeira vez em uma madrugada de dezembro de 2007.
Noite quente, e eu virava de um lado ao outro da cama. Assustado com a possível agressão de um opositor bem mais forte, ele pedia por socorro e não hesitei em pular dos lençóis para salvá-lo. Foi amor à primeira vista. Ele estava abatido e com medo. Cuidei, junto com a minha família, para que ele fosse amado e crescesse saudável.
Durante pouco menos  de dois anos, ele foi o meu xodó. Era o mais fotografado, abraçado e mimado. Em dezembro do ano passado, ele adoeceu. Fiz de tudo para salvá-lo, mas dessa vez não consegui. Ele partiu e sinto uma falta tremenda daquelas patinhas afofando a minha barriga.
A dor foi tão forte que poucas lágrimas caíram. O peito era um buraco só e a alma ainda se pergunta porque ele foi cedo demais. Eu me apego fácil e sempre me fragilizo com as despedidas. Porém, elas são inevitáveis.
Bye, bye, meus dois amores. Trago uma parte de vocês comigo.
 

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O chão sob os meus pés

Sinto como se me faltasse o chão neste momento.
E, provavelmente, falta.
O triste é que estou sempre lutando para construir um caminho seguro.
Só que quando penso que caminharei a passos largos e firmes.
O chão mais uma vez desaba sob os meus pés.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Superávit da vida




Fiz tantos balanços no mês passado (dezembro) sobre vários temas econômicos e me lembro bem que a tônica de todos foi de um ano marcado por crise e superação.



O engraçado é que posso fazer um paralelo entre o compasso do mundo em 2009 e a minha vida.



Foi um tempo cheio de percalços, quedas, sacudidas, desencontros, reencontros, buscas, aprendizado, solidão e descobertas.



Passei muito tempo sozinha, não por vontade própria, mas por circunstâncias que a vida acaba por impor. Num primeiro momento sofri, chorei, desesperei, mas depois levantei.



Lógico que o tombo doeu, só que vi que o chão não é tão duro assim. Dá para amortecer a queda. Dá para se recompor e sair andando novamente. Vai deixar marcas, porém elas serão apagadas com o tempo. Errei, acertei, perdoei, fui perdoada.



Os tempos foram difíceis. Ansiedade, frustração, amigos que partiram para outras jornadas, amor que se perdeu pela estrada, sonhos que custaram para serem realizados, medo de ver a vida passar sem que pudesse sentir um pouco de felicidade.



Mas também tive muitos ganhos. Voltei a cuidar melhor de mim, mudei a minha postura diante de situações que sempre me feriam, analisei meus defeitos e tentei minimizar a influência deles na minha vida, viajei para Paraty (que tanto amo), estive ao lado de pessoas que adoro - meus pais, minhas irmãs, meus amigos, meus gatinhos e gatinhas -, ajudei a Soraya a comprar o delicioso tapete da sala da casa dela, gozei de boa saúde e vivi um reencontro importante com quem amo.



O saldo do ano foi positivo. Aprendi muito e só tenho a agradecer aos céus por tudo que me deu durante 2009. Tantos os momentos bons como os ruins me ensinam buscar ser uma pessoa melhor.



Não é uma tarefa fácil para ninguém se reconstruir todos os dias, mas é o único caminho que a vida nos apresenta. E 2009 foi um ano emblemático para mim.



F E L I Z 2 0 1 0


365 dias



O que esperar de 2010?

A gente sempre começa o ano como quem virou uma página do caderno da vida e ganhou mais uma folha em branco para escrever um novo trecho da história.

Lá no fundo, todo mundo sabe que pensar assim nos dá esperança de que há um fôlego adicional para tentarmos de novo, e, quem sabe, agora acertarmos.

É tempo de consertar erros, buscar novos rumos, renovar os sonhos, valorizar o que é bom, fazer aquela tradicional lista de desejos, abraçar quem se ama, lembrar de quem se foi, agradecer por quem chegou e deixar a vida seguir como um rio.

Tenho tantos objetivos que quero alcançar este ano: estudar, trabalhar, amar, compreender, rir, chorar (porque se aprende muito com as lágrimas sejam elas tristes ou alegres), caminhar, viajar, conhecer, romper, construir, ajudar, mimar, conservar, semear, dialogar e tantos outros verbos que pretendo conjulgar em 365 dias.

Poxa, é tempo para fazer tanta coisa...

2010 - O ano da E S P E R A N Ç A



Quanto tempo sem escrever aqui. Preciso, realmente, frequentar com mais regularidade estas páginas eletrônicas.


Mas 2010 começou, e como gosto muito de poemas, meu primeiro recado do ano tem como essência a ESPERANÇA desenhada pelas palavras de Mário Quintana.





Esperança






Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano


Vive uma louca chamada Esperança


E ela pensa que todas as sirenas


Todas as buzinas


Todos os reco-recos tocarem


Atira-se


E




-ó delicioso voo!



Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,






Outra vez criança...






E em torno dela indagará o povo:






-Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?






E ela lhes dirá






(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)






Ela lhes dirá devagarinho, para que não esqueçam:






-O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Um bom voo para todos nós em 2010. Saúde, paz, amor, sucesso, solariedade, tranquilidade e vida. É só o que eu tenho para desejar.