terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sem perdão

"Para coração

Não sofre

Não chora

Esquece mais essa desilusão


Ele não merece não

Uma lágrima

Uma saudade

Mais uma vez o seu perdão"

As despedidas

Li agora a pouco trechos de uma carta divulgada pela família da atriz Leila Lopes, que morreu na semana passada. Ela se dizia feliz, mas queria encontrar-se com Deus. Agradeceu a vida que teve e o amor que recebeu de amigos e familiares.


Não consigo imaginar o sofrimento ou o peso sobre os ombros que leva alguém a decidir colocar fim à própria vida. Nem posso mensurar o tamanho do desespero no peito da pessoa que arquiteta um suícidio.


Dor, decepção, desilusão, angústia, depressão. São tantos os motivos ou justificativas que traduzem esse ato final que não consigo ter a dimensão do que significa para alguém realmente propenso a terminar com a sua história pessoal.


Tenho um desejo de vida tão grande, que quero fazer de cada segundo o mais importante da minha trajetória. Nem quero conjecturar sobre quando irá acabar. Quero apenas viver.
Porém, não julgo quem coloca um ponto final na própria vida. A dor na alma de cada pessoa só ela é capaz de entender e de saber o quanto pode suportar.


Eu vivo as minhas desilusões e tristezas como quem passa por uma tempestade, toma aquele banho de água fria e depois espera que o sol apareça para secar o rosto ainda molhado.


Chove lá fora agora.


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O cheiro da chuva

Agora são exatamente 14h08, do dia 12 de outubro. Feriado da Padroeira do Brasil e Dia Das Crianças. Muita gente voltando de viagem e a chuva começou a cair forte há mais ou menos uma hora aqui em casa.
Moro na periferia de Campinas e do meu aconchego avisto a região do Ouro Verde e do Aeroporto Internacional de Viracopos.
Vi quando aquele pano branco, formado por muita água, veio da direção dos DICs para a área em que vivo. De pronto, já senti que logo ia saborear aquele cheiro de chuva, ou melhor, da água molhando a terra seca. Que delícia.
Desde pequena aprecio essa dádiva que a natureza proporciona quando a chuva chega depois de um dia de sol intenso, no qual a terra fica seca e pede por água para refrescá-la. Não sei descrever exatamente esse cheiro, mas é divino.
Cheiro de vida, mas que às vezes também pode trazer a morte, se o temporal for intenso. A pancada de chuva foi forte e trouxe vento. Porém, agora está mais serena, só que constante. Bom para bolinho de chuva, chocolate quente, cama com edredom, comédia romântica e muito beijo na boca.
Claro que aqui em casa tem um componente a mais: os gatinhos folgados que olham com aqueles olhinhos carentes e se apossam de qualquer cantinho quente. Mas é isso que dá cores diferentes à vida.
Viva a chuva, o beijo na boca e os meus mimos felinos.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma pequena declaração



"É assim que te quero, amor,

assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas

os cabelos e como

a tua boca sorri,

ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,

mas antes que não me falte

em cada dia que passa.

Da luz nada sei, nem donde

vem nem para onde vai,

apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,

espero-a e envolve-me,

e assim tu pão e luz

e sombra és.

Chegastes à minha vida

com o que trazias,

feita

de luz e pão e sombra, eu te esperava,

e é assim que preciso de ti,

assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir

o que não lhes direi, que o leiam aqui

e retrocedam hoje porque é cedo

para tais argumentos.

Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha

que há-de cair sobre a terra

como se a tivessem produzido os nossos lábios,

como um beijo caído

das nossas alturas invencíveis

para mostrar o fogo e a ternura

de um amor verdadeiro."



Pablo Neruda

Um recadinho para quem eu amo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O fascínio dos espelhos


Na última segunda-feira, passei no prédio de um conhecido para buscar uns objetos e constatei o amor das mulheres pelo espelho.

Enquanto esperava na portaria do local, já no início da noite, observei pelo sistema eletrônico de monitoramento o entra e sai nos elevadores, que têm espelhos em uma das paredes.

Todas as pessoas do sexo feminino que entraram nos elevadores automaticamente se viravam e fixaram o olhar nos detalhes expostos pelos espelhos.

Umas arrumaram os cabelos. Outras preferiram melhorar o caimento da roupa. Houve ainda moças que mediram os centímetros a mais no corpo. Mas nenhuma resistiu ao charme do espelho. A atração é fatal.

Diferente comportamento tiveram os homens. Todos os que observei ignoraram solenemente o espelho. Imagino que o pobre objeto se sentiu desprezado, mas sabia que logo receberia o carinho de olhos femininos.

Não me contive e comentei com o porteiro, seo Antonio, que as moçoilas eram gamadas no espelho. Acostumado a ver todos os dias as mulheres conferirem o visual, os defeitos e as qualidades físicas nos elevadores, ele riu da observação e brincou que as mulheres são compulsivas pelos espelhos dos elevadores.

Não minto. Faço parte desse time. Não resisto a uma olhada milimétrica, quando vejo um espelho à disposição.

sábado, 19 de setembro de 2009

Os apaixonados por água




Os felinos são mesmo animais surpreendentes. Todo mundo acha que gato tem medo de água.


Normalmente, eles realmente são avessos a um banhinho. Mas em casa temos dois bichanos que fogem à regra.


Tomazio - meu menino branquelo - e Armandinho - o neguinho mais amado da família - adoram brincar com o pote de água e correm desesperados para o tanque ou a pia da cozinha quando ouvem a torneira aberta. Gostam de passar a pata pelo fio d'água que cai lentamente.


A chuva também não é problema para os meus gatos-peixes (rs). Nessa manhã, enquanto o temporal caía forte e as plantas pareciam se deliciar com a água, os dois correram para as janelas da sala e ficaram curtindo a bela cena.


Nem se importavam se molhavam os pelos e as pequenas patinhas. O fascínio de ver a água cair do céu era maior do que o velho ditado "gato escaldado tem medo de água fria".


As duas figurinhas são muito engraçadas. Uma poça com água, um balde na área de serviço ou o banheiro molhado durante a faxina são objetos de desejo de Tomazio e Armandinho.


Os dois lindos gatinhos são apaixonados pela beleza da água.


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Mais um anjo


Nossa bela menina dos pelos brancos e pretos descansou hoje. A família está triste. A Tayla Júlia era a nossa "filha" mais velha e morou com a gente pouco mais de 13 anos.
Ela deixa saudades e a certeza de que vale a pena se dedicar a quem se ama, mesmo que seja um felino charmoso.
Sinto como se ela tivesse miando agora e piscando os olhinhos como a agradecer pelos anos de dedicação e os cuidados que dispensamos a ela. Foi um amor recíproco, que deixará boas lembranças.

Um casamento e os dramas familiares


Eu adoro ir ao cinema e confesso que há muito não sentava na frente da tela grande para assistir um filme. Como estou em férias, tenho todo o tempo do mundo para fazer o que gosto e decidi ir ao Paradiso, o único remanescente de uma época na qual o Centro de Campinas abrigava boas salas de exibição.

Eu e mais quatro gatos pingados assistimos ao drama "O casamento de Rachel", do diretor Jonathan Demme. Meu espírito está um pouco agitado nos últimos dias e a película deu mais uma mexida no turbilhão que se transformou a minha mente inquieta.

O filme tem como pano de fundo as tortuosas relações familiares. O casamento de Rachel, interpretada por Rosemerie Dewitt, é o estopim para um final de semana cheio de conflitos, lembranças de velhas histórias e em tocar em antigas feridas que na verdade nunca cicatrizaram.

A história envolve a jovem Kym, papel da atriz Anne Hathaway, que é dependente de drogas e sai da clínica de reabilitação para ir ao casamento, seus pais e a irmã dela que se casará com um músico negro. Ela carrega, além da luta contra o vício, uma fatalidade que selou o destino da sua família.

Os preparativos para a união de Rachel são realizados de forma coletiva e são uma grande mostra de que um evento como esse, que é tão importante na vida de 99% das mulheres, pode se transformar em uma grande festa. E por falar em animação até o samba faz mexer os quadris dos convidados durante o filme.

Não sou especialista em crítica de cinema, mas gostei das cenas constantemente cheias de pessoas; da movimentação das câmeras e do ecletismo que marca a trilha sonora do casamento que perpassa a black music, o rock e tem até o ritmo genuinamente brasileiro.

O drama de Kym, Rachel e seus pais expõe um pouco do que cada um de nós vivemos no nosso dia a dia. Não há casa perfeita e nem pessoas perfeitas. O que vale é saber digerir os problemas e torná-los mais palatáveis. Perdoar é possível, apesar de ser um gesto difícil e que demanda um amor extremo.

Confiram o filme que está em cartaz no Paradiso, às 18h20. Mais informações no http://www.cineparadiso.com.br/

Novos rumos


Fiquei praticamente um mês sem escrever no blog e senti muita falta de olhar o mundo por meio das palavras.

A vida nem sempre é fácil e precisei de um tempo para respirar. Agora me sinto mais forte.

Para celebrar o novo tempo que deve chegar a partir de formas diferentes que estou estabelecendo para dialogar com a vida, quero homenagear a primavera que se aproxima.

Nasci na estação das flores, e me sinto agraciada quando abro a janela do meu quarto e vejo as árvores com as folhas bem verdes e as flores que deixam a entrada da minha casa mais colorida.

A primavera é uma grande lição de que tudo se transforma e pode ficar mais bonito. E mesmo com tantas tristezas ainda na alma, sei que logo a vida vai me levar a novos rumos.

O Tim Maia cantava: Trago esta rosa para te dar... E ofereço rosas brancas para a vida. Elas simbolizam meu desejo de paz e tempos mais felizes para mim e as pessoas que amo.










Amor incondicional



Era uma bela manhã de feriado, Dia da Independência, no ano de 1996. Acordei com a Cristina, minha irmã, informando que a Gorda, nossa gatinha de estimação, acabara de ser mamãe. O parto aconteceu na madrugada, e como toda mãe protetora, ela escolheu um lugar seguro para ter os seus rebentos. E nada mais adequado do que a cama da Cristina, que era a quem ela era mais afeiçoada.


Quando olhei vi aquelas três criaturinhas tão pequenas. Os olhinhos fechados, os narizes rosas e as bocas que não eram mais do que uma linha fina. Um dos bebês era malhado, com três cores - amarelo, branco e preto. O outro era branco com manchas amarelas e o último, e maior, era preto e branco.


Não dava para distinguir logo após o nascimento o sexo dos recém-nascidos. Em poucos dias descobrimos que eram três meninas. A malhada ganhou o nome de Mina. A branca e amarelo foi batizada de Polla e a branco e preto era a Tayla Júlia.


Morávamos em uma pequena casa no bairro Cidade Jardim, próxima a Avenida das Amoreiras e à Via Anhanguera, em Campinas. O lugar tinha apenas quatro cômodos, mais um banheiro e um quintal minúsculo. Mas nunca faltou nada para as nossas meninas.


Perdemos a Polla meses depois de seu nascimento. Ela simplesmente sumiu. A bela garota era a minha companhia das madrugadas, quando eu voltava da faculdade e ainda precisava fazer os meus trabalhos ou estudar para uma prova que aconteceria naquele dia à noite. Como trabalhava o dia todo, a minha vida não era fácil.


Fiquei muito triste quando a Polla desapareceu. Procuramos por ela, porém não a encontramos nunca mais. Mudamos de casa. Saímos da Cidade Jardim, endereço no qual pagávamos aluguel, e fomos residir em uma casa própria no Jardim Novo Campos Eliseos, lugar em que vivo até hoje.


Levar as meninas não foi nada confortável. Nessa época, a Gorda já tinha sido mãe pela segunda vez. Tínhamos também a Brigitte Caroline, que nasceu prematura e se transformou em xodó da família.


Ter que ir para um ambiente novo é sempre traumatizante para um gato. E a Gorda desapareceu durante dias. Quase morremos de preocupação. Ela era a matriarca das nossas meninas e não podia ir embora de repente. Dias depois, ela apareceu magra e abatida. Recebida de braços abertos, aos poucos ela se adaptou à nova casa.


A mesma atitude tiveram Brigitte Caroline, Tayla Júlia e a Mina. Mas como os corações aqui em casa são imensos, dia a dia fomos agregando novos gatinhos à família. Todos abandonados e de rua. Acolher mais felinos acabou irritando duas das meninas - Tayla Júlia e Mina - que decidiram passar mais tempo na casa de uma vizinha do que no nosso lar. Só apareciam vez ou outra para comer e dar o ar da graça.


A Mina adoeceu e morreu depois de ser mamãe pela primeira vez. Ficamos muito tristes com a partida dela e doamos os gatinhos. Foi muito doloroso a ida dela. Tayla Júlia continuava instalada na casa da Dona Alzira, vizinha que a tratava como membro da sua família. Até carne a danada ganhava da aposentada, que vivia sozinha.


Depois de muitos anos morando em duas casas, a Tayla resolveu voltar para o nosso lar. E a partir desse momento passou a dormir na minha cama todos os dias. A Tayla era uma menina grande, imponente, forte e muito sapeca. Sempre adorou ter um espaço só dela e não hesitava em me dar uma mordidinha de leve no pé ou um arranhão de alerta na perna quando sentia que eu invadia a sua área no colchão.


Aprendi a respeitá-la e ela se transformou na minha grande companhia todas as noites. Estivesse eu alegre ou triste, lá estava a Tayla do meu lado. Não interessava se chovia, fazia frio ou se estava aquele calor insuportável, a bela menina sempre ficava em um canto da cama.


Do colchão ela reclamava por comida; saía em disparada quando percebia uma briga de outros felinos no quintal e observava quem entrasse no quarto. Ouço até agora o som do miado sempre alto e cheio de vida da Tayla. Pena que neste ano, um dia após o seu aniversário, nós descobrimos que a minha menina está com câncer. O pior é que o diagnóstico foi desolador: não há mais nada a fazer, a doença está destruindo o seu fígado.


Como dói ver quem se ama simplesmente partindo sem que possamos fazer nada. Todos em casa cuidamos dela com o maior carinho, mas é duro vê-la dia a dia perdendo as suas forças. Aos 13 anos, ela já é uma anciã e está com a vida por um fio.


O que mais gosto nos animais, em especial nos felinos, é o amor incondicional que eles dão a quem cuida deles. A Tayla sempre esteve ao meu lado na cama de solteiro. Não importava se eu estava triste, feliz, aborrecida, de TPM, com insônia, morta de cansaço. Ela era minha companheira de todas as horas.


E não adianta imaginar que outro pode substituí-la, mesmo que em casa residam mais 20 felinos. Assim como aconteceu com as pessoas, não há como trocar simplesmente alguém que se ama por outro. Cada um dos gatinhos é especial e tem um encanto próprio. Eu os amo pelo seu jeito deles e a forma como interagem comigo. Olha que tem figurinhas de gênios difíceis e outras mais flexíveis.


Sei que a Tayla não tem muito tempo de vida. Gostaria de ter uma poção mágica para curá-la. Mas essa artimanha faz parte apenas dos livros infantis. Na vida real, a gente tem que aprender a lidar com a ausência de quem amamos. E pode até parecer exagero na visão de quem não tem animais, contudo a companhia deles deixa a gente muito melhor. Saber amá-los, respeitá-los e cuidar deles ensina muito sobre a vida.


Quero muito que a minha menina parta de forma tranquila e sem sofrimento. E sei que vai deixar muita saudade, como aconteceu quando a mãe dela e sua irmã foram embora. Da família que começou o nosso pequeno gatil só ficará a Brigitte, que nasceu prematura e quase morreu com apenas alguns dias de vida.


Te amo bela garota dos pelos brancos e negros.










segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Quer se filiar ao Partido do Sexo?


Você votaria em candidatos de um partido cuja plataforma política é relacionada a sexo? Na Austrália, a nova sensação política é o Partido do Sexo. A sigla nasceu para mostrar indignação contra uma lei que colocará um filtro na internet para coibir o acesso a 10 mil sites com conteúdo considerado impróprio. E agora a fundadora da legenda já faz planos de chegar ao Senado. Quer se filiar? Pelo menos ele não é compostos por falsos moralistas brasileiros que estão chafurdos na lama e posam de bons senhores. A matéria está publicada no site do G1 e a reproduzo agora.


Inspirado em Obama, Partido do Sexo australiano quer chegar ao Parlamento
Aprovada em comissão eleitoral, sigla quer seguir campanha de democrata.Ao G1, fundadora diz que partido será ‘voz contra o conservadorismo’.


Amauri Arrais Do G1, em São Paulo


Sexo e política só costumam ser citados numa mesma frase quando se trata de algum novo escândalo sexual envolvendo político, mas o recém-criado Partido do Sexo quer apimentar um pouco mais essa relação e levar o assunto para o Parlamento na Austrália.
Com o slogan “Nós levamos sexo a sério”, a nova sigla foi criada em novembro como forma de combater a proposta do governo de um filtro para a internet, que pretende bloquear o acesso a uma lista de cerca de 10 mil sites com conteúdo considerado impróprio.
Escândalos sexuais acontecem porque geralmente os políticos dizem uma coisa e fazem outra. Nós não temos razão para hipocrisia."
Aprovado como partido político pela Comissão Eleitoral Australiana na semana passada, o partido quer agora chegar ao Senado. Para tanto, se inspira na campanha vitoriosa de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos. “Inspirados pela mobilização de militância do presidente Obama, estamos elaborando algo semelhante aqui, com as festas do Partido do Sexo. Não serão festas onde as pessoas poderão fazer sexo mas, como na campanha de Obama, vamos promover jantares, coquetéis e churrascos que tenham o partido como tema, onde possamos debater nossas políticas e, eventualmente, conquistar doadores”, disse a fundadora, Fiona Patten, ao G1.
Candidata
Estilista e funcionária de empresas de diversão adulta, ela confia nos mais de 2 mil membros que já aderiram ao partido nos últimos meses para conquistar uma das cadeiras do Senado, nas eleições de março. “Resolvemos focar no Senado por ser a Casa revisora de leis e por acharmos que podemos ter maior influência lá. Mas há um grande número de apoiadores em suas comunidades que podem se tornar grandes candidatos à Câmara”, diz.
A pré-candidata em foto de divulgação: 'nosso políticos estão se tornando cada vez mais conservadores' (Foto: Divulgação / Arquivo pessoal)
Entre os possíveis eleitores, a fundadora do Partido do Sexo contabiliza, além dos filiados, o público adulto simpatizante do partido na internet que, segundo ela, pode ajudar a divulgar as idéias da sigla a até 30% da população australiana. Combate à censura, educação sexual nos currículos escolares, políticas de igualdade entre os sexos e direitos gays estão entre as bandeiras da agremiação. O site do Partido do Sexo lista algumas razões para se tornar um filiado: “Como um membro do Partido do Sexo você estará ajudando a eleger legisladores que gostam de sexo e não têm medo de apoiar outros no caminho por uma vida sexual plena.” “Na Austrália, nossos políticos estão se tornando cada vez mais conservadores em matéria de sexo e sexualidade. Temos muitos cristãos fundamentalistas no Senado. O Partido do Sexo australiano pode ser uma voz de combate a este conservadorismo”, discursa Fiona Patten.
Uma das vantagens do partido, ela diz, é que “dificilmente” seus membros serão envolvidos em algum escândalo sexual. “Escândalos sexuais acontecem porque geralmente os políticos dizem uma coisa e fazem outra. Nós não temos razão para hipocrisia.”
Constrangidos
A falta de interlocução com os políticos locais, segundo Patten, foi uma das razões para a criação do partido. “Infelizmente, até agora muitos políticos australianos têm dificuldade em discutir temas sexuais de maneira positiva ou progressista. Eu tenho falado com políticos sobre a indústria do sexo nos últimos 20 anos e, num primeiro momento, eles geralmente riem ou ficam constrangidos”, diz.
Ela compara a escalada do conservadorismo no país, junto com a proposta de criar filtros para a internet - também combatida por outras organizações-- com “algo semelhante ao que acontece atualmente na China”. Na última sexta, o país asiático recuou do plano para criara um filtro na internet.“O governo propôs que todo conteúdo sexual fosse bloqueado pelos provedores, não apenas para crianças, mas adultos também. Eles acreditam que isto atingiria 10 mil sites, mas eles obviamente não têm acessado a internet nos últimos tempos. Uma proposta de um filtro para a internet é um grande exemplo de por que nós precisamos de um Partido do Sexo”, afirma.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Saúde é fundamental


Os fumantes que me desculpem, mas saúde é fundamental. Plagiei a frase do poetinha Vinícius de Moraes para lembrar que entrou em vigor a Lei Antifumo em São Paulo. Não fumo e vivo em campanha permanente para que pessoas queridas - como meu pai, minha irmãzinha Ariane e a Soraya (irmã de coração) - parem com esse vício que só faz mal.


Não sou daquelas criaturas que pegam no pé o tempo todo, porém lembro, sempre que possível, a essas pessoas amadas os problemas que o cigarro causa e como elas ficariam melhores sem ele.


Até agora não tive sucesso, mas não desisto. Vivo falando para a Ariane que de nada adianta comprar perfumes caros se ela cheira a cigarro o tempo todo. Lembro ao meu pai que sua saúde é frágil e o vício só piora a situação. Papai Francisco tem um ritual diário: acende o primeiro "pito" rigorosamente entre 6h e 6h30 da manhã. No caso da Soraya, apelo para diferentes argumentos.


Há muita discussão sobre a lei do governo de José Serra, que já fora ministro da Saúde, e uma guerra de liminares impetradas pelos setores econômicos que se sentem prejudicados. Será que as milhares de mortes provocadas por doenças decorrentes do fumo não são suficientes para uma mudança de comportamento do fumante? Pense nisso. Mais informações sobre a lei (http://www.leiantifumo.sp.gov.br/).


Operação de guerra

A gripe provocada pelo vírus influenza A (H1N1) mexe com o cotidiano da população. Hoje pela manhã, vi dois idosos discutindo sobre a propagação da doença no Brasil. De jornal em punho, eles debatiam o que as autoridades deveriam fazer para controlar a pandemia e lembraram que o mundo já passou por outras enfermidades tão, ou até, mais graves do que a atual.
As idéias para minimizar o problema eram mirabolantes. Um deles acha que os doentes com a nova gripe deveriam ser isolados em tendas fora dos hospitais para não infectar outros pacientes. O outro afirmara que o governo deveria multar quem insistir em viajar para outros países, se não for por trabalho ou caso de doença.

As grávidas ganharam atenção especial na conversa dos dois. Para eles, elas deveriam ficar em casa até que a doença desse uma trégua. Um deles falava em estratagemas, que ele lembrara da época em que servira o Exército, para combater a doença como se estivéssemos em uma guerra.

Tudo isso no ponto de ônibus e os outros passageiros que aguardavam o coletivo nem se atentaram para o papo. Eu não sei quais foram as outras elucubrações dos dois sobre o tema, porque fui embora para o meu trabalho. Mas, como o assunto está em alta, deixo umas dicas da Vigilância em Saúde de Campinas para evitar a contaminação pelo vírus:
- Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com um lenço, preferencialmente descartável.
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente depois de tossir ou espirrar.
- Evitar locais fechados com aglomeração de pessoas.
- Evitar o contato direto com pessoas doentes.
- Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal.
- Evitar tocar olhos, nariz ou boca.
- Em caso de adoecimento, procurar assistência médica e informar história de contato com doentes ou/e roteiro de viagens recentes.
- Não usar medicamentos sem orientação médica.
- Pessoas com sintomas de gripe (febre, tosse, coriza e dores de garganta, de cabeça ou pelo corpo e desconforto respiratório como dor e dificuldade para respirar) devem procurar o profissional de saúde onde habitualmente já se consultam para avaliação do médico e monitoramento clínico, diagnóstico precoce de gravidade e investigação epidemiológica de casos graves e surtos. Elas não devem ir ao trabalho e à escola ou a locais de aglomeração de pessoas. Os hospitais devem ser reservados para os casos mais graves.


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Nova gripe: papos acalourados no ônibus

A quinta morte de paciente em decorrência de complicações de saúde provocadas pelo vírus influenza A (H1N1), em Campinas, foi o combustível para um diálogo aflituoso de duas mulheres hoje pela manhã no ônibus que tomei para vir ao trabalho. Os mais íntimos sabem que não tenho nenhuma habilidade na condução de um veículo automotor, então só me resta usar o transporte público ou os táxis da praça da cidade.

As passageiras - mulheres de meia idade, mães e trabalhadoras - estavam preocupadas com a propagação da doença, apesar de mostrarem pouco conhecimento acerca dos sintomas da nova gripe e das medidas que devem ser adotadas para previni-la. Uma delas, que dizia estar espirrando desde a última sexta-feira, afirmou que iria a um pronto-socorro, mesmo não apresentando outros sinais que pudessem gerar suspeita de problema mais grave e justificassem uma corrida desenfreada em busca de ajuda médica.

A outra disse que temia pela família e o neto ainda pequeno. O relato dela sobre a nova gripe, com base na história contada por uma comadre, era terrível. Ela disse a amiga, que já estava assustada com o simples fato de espirrar, que o vírus causava dores insuportáveis, febre que queimava o corpo e era de difícil tratamento. Quem ouvia a conversa achava que o mundo está condenado a morrer com o influenza A (H1N1).

Elas ainda estavam indignadas com parentes e amigos que não mostravam o mesmo desespero das duas em relação à doença e se irritaram ao perceber que boa parte dos vidros das janelas do coletivo estava fechada. Imaginei que se alguém tossisse durante a viagem já seria motivo para as duas entrarem em pânico.

Dois jovens que estavam próximos, e não tinham mais do que 22 anos, não contiveram o riso diante da conversa das duas amigas e comentaram entre si que continuariam a beijar muito e curtir bares lotados de gente da mesma idade deles. A gripe não era motivo para parar a vida, disse um deles. Um senhor de mais idade - estimo que uns 70 anos - também deu o seu pitaco no papo dos dois rapazes e contou que já havia vivido muito para saber que sempre vai aparecer uma doença nova e que aquilo fazia parte do equílibrio populacional do mundo.

Os diálogos ilustram bem como a sociedade se posiciona diante de questões que influenciam o cotidiano da população. Eu, particularmente, acredito que é necessário ficar atento ao problema, mas não há motivo para um clima de fim de mundo. Prevenção, informação, diagnóstico rápido, medicamentos adequados e um sistema de saúde preparado para atender os casos mais graves são suficientes para combater o problema.

sábado, 1 de agosto de 2009

A pipa bailarina


O vento frio começava a soprar na noite de ontem, na Praça Arautos da Paz, em Campinas, quando uma pipa amarela resolveu dar um espetáculo no céu já coberto pela escuridão. Centenas de pessoas ouviam as belas composições executadas pela excelente Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) Itinerante, que se apresentou gratuitamente no espaço público e teve como regente o maestre Roberto Tibiriçá.


Eu fiquei sentada no gramado, como um grupo numeroso de outros expectadores que se deleitava com a interpretação dos músicos para peças de Tchaicovsky, Strauss, Carlos Gomes e Ravel. Eu assistia a tudo atentamente e de repente vi quando a pipa entrou em cena.


De forma tímida, ela iniciou seu baile solitário. O conjunto formado por varetas de madeira, papel de seda e uma rabiola longa e branca dançava ao toque do vento e o som da música. Não consegui enxergar quem comandava a bailarina, mas o balançar sutil e cadenciado no ar completava a apresentação da orquestra.


O show da pipa bailarina durou 20 minutos até que ela sumiu na escuridão. A Osesp continuou o espetáculo e depois de mais de uma hora de apresentação a plateia, em pé, aplaudiu efusivamente os músicos.


A apresentação era digna de mais expectadores. A iniciativa de um evento ao ar livre, e sem custo para quem foi assistir, merece palmas, visto que o Brasil é um país que ainda está longe de oferecer à sua população atividades de qualidade e gratuitas. Viva a cultura nacional.


A programação da Osesp Itinerante pode ser conferida no www.osesp.art.br/home.aspx.




A procissão de luzes


Domingo de Carnaval deste ano. O Sol estava encoberto por nuvens, o clima estava abafado e o som do samba ecoava pelas ruas da Vila Industrial, próximo a Estação Cultura, em Campinas, situada a quase 100 quilômetros de São Paulo. Depois de mais de 30 anos, o Nem Sangue Nem Areia, formado por um grupo de amigos que resolveu resgatar a antiga agremiação, que um dia foi símbolo do tradicional bairro operário, animava quem teve coragem de sair de casa depois de uma noite de sábado na farra de Momo. Eu era uma dessas pessoas que não se incomodaram em deixar de lado aquela preguiça gostosa de domingo e decidiram requebrar os quadris com o batuque dos tamborins, chocalhos, cuícas e surdos.
O desfile saiu mais de três horas da tarde, e mesmo com o percurso curto, no meio do caminho eu desisti da empreitada e fui dar uma caminhada na velha estação de trem, que fora o ponto de encontro dos foliões. O espaço que ganhou o nome de Estação Cultura, na administração do governo da ex-prefeita petista Izalene Tiene, e que havia voltado a ser patrimônio cuidado pela Prefeitura por meio das mãos do prefeito assassinado Antonio da Costa Santos, já foi uma das principais ligações ferroviárias do país.
Entrar naquele ambiente sempre me traz grandes recordações. Enquanto os amigos se divertiam com o samba e a folia nas ruas da Vila, eu andei pelos trilhos e brinquei em um velho vagão decorado. Outras locomotivas sem uso e degradadas pelo tempo estavam paradas no pátio. A estação em nada lembrava o frenesi de outros tempos, quando vivia cheia de gente e de vida.
Nasci em uma pequena cidade do interior de São Paulo, Adamantina, na região de Presidente Prudente. Como já tenho mais de 30 anos, lembro-me da importância do transporte ferroviário para os brasileiros. Quando eu era criança, sempre que meus pais visitavam parentes em Rio Claro e Campinas, as viagens eram feitas de trem.
Era sempre uma festa. Eu e minhas irmãs, Ana Cristina e Ariane Fernanda, adorávamos os petiscos vendidos nos vagões. Os trens estavam constantemente cheios no final dos anos 70 e começo da década de 80. Era gente entrando e saindo em cada uma das estações do percurso, que trazia passageiros da região de Adamantina até a distante São Paulo.
O trem foi a porta de saída da minha pequena cidade para o local que minha família adotou como nossa nova casa. Em fevereiro de 1985, mudamos de Adamantina para Campinas, onde viviam alguns tios maternos. A mudança foi traumática, pois eu entrava na adolescência e já estava apaixonada por um mocinho da minha idade, apenas 13 anos.
Foi difícil me separar da minha história, dos meus amigos, dos meus lugares de infância e das pessoas que eu amava. Mas minha mãe achava que teríamos mais chances na vida se vivêssemos em uma cidade grande, com universidades e mais possibilidades de trabalho. O tempo mostrou que a aposta dela estava certa.
A nossa viagem de trem começou pela manhã e terminou à noite. Nunca esqueci do barulho das rodas da máquina de metal nos trilhos do mesmo material durante aquela viagem. Ainda me lembro do homem que picotava os bilhetes e os conferia. Eu estava triste, cada apito ou estação que nós passávamos me levava mais longe do meu porto seguro.
Vi o dia ir se findando, e quanto mais próximo da minha nova casa, mais iluminado era o caminho. De longe, ao olhar pela janela do vagão, os postes brilhavam como se fossem velas em uma procissão. Na escuridão dos trechos por onde os trilhos cortavam Campinas, que em meados da década de 80 tinha mais de 600 mil habitantes, a minha única companhia, em meio ao turbilhão de medo e saudade que eu sentia, era a procissão imaginária que me alentava e me dava esperança de uma vida nova, como sonhara minha mãe.
Ainda hoje, quando passo próximo da velha estação da Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), lembro do dia em que cheguei a Campinas com receio do futuro e já chorosa do passado. Também me recordo de outros tantos rostos, que como o meu, se encantavam com o vaivém de pessoas na parada de trens e com a cidade grande. Nunca vai sair da minha memória a procissão de luzes, que para mim foi o sinal do novo tempo que chegava para a minha família.Com alegrias e tristezas, a vida traça a nossa história. Hoje, olho a roda da minha vida e vejo como ela girou muito desde o dia em que desci naquela estação de trem. Sou jornalista; tenho uma família amada; amo meus poucos, mas fiéis amigos; tenho 21 gatos lindos; sou tarada por chocolates; convivo diariamente com várias realidades e agora estou aqui nesta telinha para contar um pouco do que a gente vive no nosso dia-a-dia. Espero compartilhar os meus relatos e receber histórias de quem deseja fazer parte dessa grande roda. Anote na agenda o nosso email rodadehistorias@gmail.com.

A bela foto da Estação Cultura que ilustra este texto é da talentosa Dominique Torquato, fotógrafa do Correio Popular de Campinas.