segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Nova gripe: papos acalourados no ônibus

A quinta morte de paciente em decorrência de complicações de saúde provocadas pelo vírus influenza A (H1N1), em Campinas, foi o combustível para um diálogo aflituoso de duas mulheres hoje pela manhã no ônibus que tomei para vir ao trabalho. Os mais íntimos sabem que não tenho nenhuma habilidade na condução de um veículo automotor, então só me resta usar o transporte público ou os táxis da praça da cidade.

As passageiras - mulheres de meia idade, mães e trabalhadoras - estavam preocupadas com a propagação da doença, apesar de mostrarem pouco conhecimento acerca dos sintomas da nova gripe e das medidas que devem ser adotadas para previni-la. Uma delas, que dizia estar espirrando desde a última sexta-feira, afirmou que iria a um pronto-socorro, mesmo não apresentando outros sinais que pudessem gerar suspeita de problema mais grave e justificassem uma corrida desenfreada em busca de ajuda médica.

A outra disse que temia pela família e o neto ainda pequeno. O relato dela sobre a nova gripe, com base na história contada por uma comadre, era terrível. Ela disse a amiga, que já estava assustada com o simples fato de espirrar, que o vírus causava dores insuportáveis, febre que queimava o corpo e era de difícil tratamento. Quem ouvia a conversa achava que o mundo está condenado a morrer com o influenza A (H1N1).

Elas ainda estavam indignadas com parentes e amigos que não mostravam o mesmo desespero das duas em relação à doença e se irritaram ao perceber que boa parte dos vidros das janelas do coletivo estava fechada. Imaginei que se alguém tossisse durante a viagem já seria motivo para as duas entrarem em pânico.

Dois jovens que estavam próximos, e não tinham mais do que 22 anos, não contiveram o riso diante da conversa das duas amigas e comentaram entre si que continuariam a beijar muito e curtir bares lotados de gente da mesma idade deles. A gripe não era motivo para parar a vida, disse um deles. Um senhor de mais idade - estimo que uns 70 anos - também deu o seu pitaco no papo dos dois rapazes e contou que já havia vivido muito para saber que sempre vai aparecer uma doença nova e que aquilo fazia parte do equílibrio populacional do mundo.

Os diálogos ilustram bem como a sociedade se posiciona diante de questões que influenciam o cotidiano da população. Eu, particularmente, acredito que é necessário ficar atento ao problema, mas não há motivo para um clima de fim de mundo. Prevenção, informação, diagnóstico rápido, medicamentos adequados e um sistema de saúde preparado para atender os casos mais graves são suficientes para combater o problema.

Um comentário:

  1. Querida Adriana,

    Adorei ver os seus passos na areia. Eles me fazem lembrar as grandes conquistas.Você bem sabe que elas começam com pequenos passos.
    É um show a sua roda de histórias.

    Bjs

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